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RODRIGO STARLING
( Minas Gerais – Brasil )
Filósofo, escritor e poeta, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Pós em Gestão de Políticas Sociais (PUC – Minas).
Mestre em Ciências Políticas (ULHT Lisboa)
Autor de 13 livros, figura em coletâneas do Brasil e do exterior.
Em 2004, fundou a Oficina de Produção Artística – OPA, hoje MINAS VOLUNTÁRIOS, no qual é Diretor.
Em 2011, criou o Selo Editorial Starling.
Em 2015/16, atuou como moderador (Rio Dialogues) e consultor (UNV), ambos junto à Organização das Nações Unidas -ONU.
NOVO DECAMERON. Antologia poética. Org. Rodrigo Starling, 2021. 235 p. ISBN 978-65-994-783-7-6-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
CORONALGOZ
Bastardo filho da vaidade
Simulacro real, indivisível
Quem és tu? Que assombra a humanidade
Tal desgraça, atomizada no invisível
Como ousa tolher o raro efeito
Arruinando a linguagem universal:
Do olhar, sorriso, abraço e beijo
Se não a Besta... Tu és sinal!
Pestes, pragas, vírus, moléstias
Cólera, varíola... Dos séculos a réstia
Oitavo ciclo de escuridão
Revela-te orgulho! Filho da treva
Que nasce, cresce, dizima e encerra
CORONALGOZ... No ciclo da evolução
O ABRAÇO
Para Gisele Starling
O amor é um abraço
Que aperta, sem ser laço
Certo par de corações
Eros, ágape ou philia
Sublime tríade: fantasias
Turbilhão de intenções
Supera o toque, até o beijo
Esta arte do enlace perfeito
Dois corpos, sensações
Sei... Finito sé o ato
Mas eterno, de fato
Tal o gozo de emoções
STARLING, Rodrigo, org. Cem Poemas: Cem Mil Sonhos. – Homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no P aís. Belo Horizonte: Starling, 2018. 176 p. No. 09 814
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
VIDA É LUTA
Saio do anonimato para entrar na vida (luta?)
Aqui tudo é ventre, existência, esquecimento
Como a larva esquece o ovo,
a pupa esquece a larva
a borboleta, que esquece porque lavra “cores”
Esquece porque voa... O que é vida?
O sopro, o perdão, o pêndulo
Como o silêncio das coisas, vivas ou sentidas
Uma língua centrípeta, uma fuga, o vento...
A flecha lançada, a palavra dita, a oportunidade perdida
(de praticar o bem, de evitar o mal, de amar sem medida)
Afinal, o que é vida?
Digo: é mais que entrada e saída
Mais que nascer, crescer, reproduzir, morrer...
A vida é o uivo de um animal no cio
Força do broto, da seiva, do caule, do fechar de um ciclo
A poeira das estrelas, um gozo universal:
Caldo químico, proteico, lipídico...
O sangue fisiológico,
dos microrganismos...
Vida é luta, como “as flores vencendo o canhão”
CEM POEMAS, CEM MIL SONHOS
Como a Passeata imperecível...
A esmo do tempo, nas frestas do concreto,
na frente d´um fuzil
O que é a vida?
Um monte de coisas,
Um tanto de nomes,
Uma pilha de sentidos
A morte, um interstício!
Sabático,, imoral, idílico
Um “óbvio ululante”
Um intestino peristáltico
Um córtex cerebral, sináptico
(do ignorante, do culto, do crítico)
Vida são flores
Rosas, gérberas, anastásias, margaridas
Crisântemos, lisiantos, antúrios, lírios
Na chegada ou na saída...
Fomos, somos se receberemos
Flores
ORVIL
ORVIL devorou a si mesmo
devorou os sinônimos:
Alfarrábio, obra, diário, panfleto
Devorou as letras, palavras, versos, rimas
Devorou a razão, a lei, o senso de justiça
ORVIL veio e devorou o meu, o seu nome
Devorou o escritor, o leitor, o crítico pensador
imenso ORVIL, devorou o leigo, o analfabeto
Imenso ORVIL , devorou o leigo, o analfabeto
Devorou direitos, perdidos e adquiridos
Tábuas, Códigos, Cartas, Constituições
(Devorou-as, antes que pudéssemos cumpri-las)
Ele, ORVIL, veio e devorou a imprensa, a liberdade
Os jovens e velhos (subversivos/revolucionários)
Os soldados, delegados, generais...
Devorou seus corpos, achados ou perdidos
Enterrados ou expostos, em valas, precipícios
ORVIL, diário monstruoso...
Devorou até os vermes, os microrganismos
Devorou a carne fresca, decomposta, putrefacta
Devorou os ossos e dentes, as digitais, as lembranças
Devorou os órfãos se viúvas (adúlteras ou santas)
Insaciável, ORVIL devorou a história
Volumes e volumes... Dor, paixão, glória
Do mito à traição, de Jesus ao anticristo
devorou a ditadura, para alguns “ditabranda”
(vivida... Alienada ou esquecida)
Num quinto Ato institucional
ORVIL devorou a decência
E a tal democracia...
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Página publicada em maio de 2025.
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Página publicada em dezembro de 2021
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